quinta-feira, 24 de março de 2011

QUANDO A OPINIÃO VIRA INSULTO (BBB11)

Olá. Eu sou o Seu João. Sou um homem de meia idade, heterossexual, bebo socialmente e não fumo. Quando jovem, cometi alguns excessos em festas, que se resumiam a gargalhadas incontroláveis e uma baita dor de cabeça no dia seguinte.

Jamais faltei com o respeito com ninguém. Nunca tive passagem pela polícia e, pasmem, jamais me envolvi com drogas. Mesmo assim, tive amigos que se envolveram e se arrependem amargamente por isso.

Pois bem. Não me considero um poço de moral, não. Sou irônico, debochado e, dificilmente, acordo de mau humor. Não costumo me colocar acima de ninguém nos meus julgamentos, e prezo sempre pelo respeito. Sou passível de ser mal interpretado, mas quem não é? Por isso, estou aqui para prestar algumas satisfações.

Em primeiro lugar, gostaria de dizer que tenho uma vida fora da internet: pago minhas contas, ralo no meu trabalho, tenho família e leio jornal. Na internet, busco informação e diversão (afinal, ninguém é de ferro). Já entrei em sites adultos, já baixei músicas e vídeos, já entrei em salas de bate-papo.

Com o advento do Twitter, criei minha conta e decidi não ser tão ácido e áspero. Só queria mesmo relaxar. Veio “A Fazenda 3”, e comecei a trocar ideias a respeito do programa. Foi divertido. Algumas pessoas passaram a me sugerir a criação de um Blog, para eu expor minhas idéias. Pensei um pouco e aceitei.

Mas decidi falar de qualquer coisa. Só que “qualquer coisa” não parecia tão interessante quanto meus tópicos sobre reality (é disso que o povo gosta). Começou o “Big Brother Brasil 11”, e me animei.

Dou minha cara a tapa agora, ao afirmar que não tive nenhum participante preferido e escrevi, sim, sobre cada um deles. Ainda ouso jurar que só votei duas vezes nesta edição: uma vez, para o Diogo sair no segundo paredão do programa; outra vez, para Diana sair no paredão contra a Paulinha. Mas, em ambos os casos, devo ter votado umas dez vezes pela internet. Não tenho saco pra isso. Nem tenho tanto tempo livre.

De repente, o Twitter passou a receber uma vibração estranha. O meu erro foi não saber administrar essa vibração. Afinal, não era comigo. Começaram a surgir comentários pesadíssimos sobre alguns participantes.

Primeiramente, teve a história da Ariadna. Tudo bem que ela não acrescentou muita coisa, não merecia ganhar ou sei lá o quê (acho válido questionarmos os jogadores). Mas, quando as pessoas começaram a escrever “aquele ‘traveco’ dos infernos merece sair de lá”, a conotação passou do fator jogo e entrou em uma esfera mais delicada. Meu erro foi me sentir um ser pensante a ponto de querer me manifestar sobre isso.

Mas esse episódio não foi nada. Enquanto eu ainda procurava alguém para torcer, começaram a surgir assuntos sobre o Maurício. Mau caráter, sem escrúpulos, machista... E por aí vai. Seria o que o direito chama de injúria? Pode ser, pois os fatos não estavam sendo avaliados. Ele era mau caráter por não querer ter um relacionamento com uma moça, e era mau caráter por querer eliminar do programa quem, supostamente, votou para ele sair da casa. Perdi alguma coisa? Ah... Alguns textos pela internet criaram uma “verdade absoluta” de que ele não quis ficar com a moça, porque sabia que ela havia sido garota de programa. Chegamos ao ponto.

Estamos no ponto do politicamente correto, não é? Uma garota de programa ou uma pessoa homossexual deve ser compreendida, respeitada e aceita. Concordo. Mas, devemos aceitar tudo mesmo? Não me refiro às escolhas da vida, não me refiro á orientação sexual (as pessoas têm o direito de amar quem quiser). O que quero dizer é... Num reality, onde os comportamentos dos participantes são julgados, devo ignorar, por exemplo, que Maria pegou pesado e que é até justificável que o Maurício não queira engatar um namoro com ela?

Na primeira noite que Wesley chegou na casa, ela fez a sutil brincadeira “Você faz o exame do toque? Não? É que eu estou precisando”. Depois, começou a seduzir o Wesley, que correspondeu à altura. Parecia que um novo casal estava sendo formado. Mas foi o Maurício voltar pra ela mudar o discurso e revelar, ao ex, que a culpa foi do Wesley, que investiu pesado, enquanto ela ficava na dela. A edição do programa também tenta empurrar essa versão. Nem enfatiza tanto o comportamento de Maria para reconquistar Maurício.

Gente, não sou contra a mulher “se rastejar” para reconquistar um amor perdido. Quem sou eu pra julgar? Mas, achei aquilo meio fake. Sim, pois, ela queria reconquistar o cara, sentando no colo dele, pegando nos documentos dele, beijando o pescoço, lambendo a orelha e gemendo no ouvido. Vamos relevar isso. Porém, como o cara dizia “não”, ela procurava o Wesley e fazia a mesma coisa. Que porra de tática de conquista é essa? O cara era mau caráter por dizer “não”? E esse lance de “ele humilhou”, “ele tratou mal”, é o discurso de Maria que, pelo que tenho percebido, costuma inverter as coisas pra se fazer de vítima. E dá certo. Sim, pois Maurício já se exaltou, sim. Mas, e ela? Já chamou ele de maconheiro, chamou ele de corno (inclusive em relação á ex-namorada, que Maurício ainda tem uma queda), de viado, e já fez pouco de sua forma física. Em contrapartida, ele nunca a chamou de puta, como muitos queriam (para apimentar o programa).

Então, decidi emitir a minha opinião. Não tenho nada contra a Maria. Juro. Sempre disse que gosto dela. Mas, julgando o comportamento dela no jogo, tenho o direito de apontar falhas. Aliás, aponto falhas em todos os participantes. Ninguém é santo. Mas, como crítico, insisto em expor o que eu acho mais grave.

Também não posso questionar o caráter do Daniel. Não conheço o cara aqui fora. Pra falar a verdade, não estou só nesse barco. Recentemente, soube por aí sobre um bar alternativo que ele possui em Recife. Inclusive, alguns sites, antes do programa começar, faziam a apresentação dos participantes e contavam esse detalhe: dono do bar alternativo Wunder Bar e administrador de um abrigo de idosos instituído por uma ONG Alemã (por isso, ele fala alemão fluentemente). Mas ele não fala muito desse bar no programa. Por quê? Prefere rezar e pedir o prêmio pra “ajudar as velhinhas”. Uma vez, ele conversava com Diana, sobre o abrigo e, a frase que ela mais falava era “explica direito”.

Mas não sei. Não posso sair por aí chamando o cara de criminoso, mau caráter, sem escrúpulos, ou coisas do gênero. Comento sobre o Daniel jogador, aquele que diz querer ir pra final com todo mundo, como se a final fosse disputada por 300 pessoas. Aquele que gosta de falar por trás. Aquele que ofende os outros (e não me fale que é por causa da bebida que isso é balela). Daniel muda o discurso. Quando era líder, gargalhava e dizia ter gosto em indicar alguém. Na liderança dos outros, bajulava (a prova disso foi a última liderança do Rodrigão). Viram? Falei apenas do fator jogo.

Mas também tenho o direito de dizer que ele pega pesado demais nas festas. Todos sabem que estão sendo filmados. Da mesma forma que critico severamente o Diogo, por atitudes escrotas (inclusive debaixo do edredom com Maria, após ela ser rejeitada, mais uma vez, pelo amigo dele), eu seria parcial se ignorasse a masturbação, os comentários fétidos, ou a apologia ás drogas. Não estou exagerando, não, gente.

Vamos falar de Lei? BBB é um programa de televisão, assistido por um grande público, não só através da edição da TV Globo, mas via PPV, e via internet. Com esses sites piratas, você pode assistir de graça, até. Com essa relação de amor que o público sustenta pelo participante, o Daniel é um ídolo inquestionável de muita gente. Gente que aprendeu, por ele, segundo testemunho, que é o maior barato usar drogas. Gente que pode ser induzida ou instigada a usar drogas. Isso caracteriza o crime de apologia. Repito: não tenho nada a ver com quem usa, com quem vai usar, ou com quem usou drogas – só estou sendo o mais imparcial e racional possível.

Mas quero deixar bem claro que o comportamento do Daniel nas festas é apenas “a cereja do bolo de caca”. Ou seja, é a ponta do iceberg das atitudes questionáveis do Daniel, que me fazem julgá-lo como não-merecedor do prêmio.

Já a Diana... Falar mal dela parece sinônimo de homofobia, né? Jamais publiquei algo do gênero aqui. Não tenho nada a ver com a orientação sexual de ninguém. Mas as pessoas têm o direito de estabelecer piadinhas prontas, né? Da Paula Gordinha, do Rodrigão Enrustido... Aliás, as pessoas usam esse rótulo para debochar do cara, como se o fato dele ser ou não ser gay fosse algo digno de piada. Quem está sendo preconceituoso? E se o cara saísse e dissesse: “Sou bissexual.”? As pessoas iriam rir dele? Quem está sendo hipócrita?

Mas, enfim, voltemos á Diana. Crianças, não tenho nada a ver com a vida dela. Posso opinar sobre atitudes dela, chamar de feia, falar mal do cabelo, criticar a roupa que ela usa (como ela já fez com Jaqueline)... Afinal, ela entrou em um programa para ser julgada. Fato. Mas ela estava na minha lista de preferidos do início (junto com Maria, Jaqueline e Cristiano). Mas Diana começou a cometer erros graves no “jogo de relacionamentos” que é o BBB. Ela pecou pelo individualismo. Forçou até uma simpatia, mas caiu por terra. A própria Talula, amiga de casa, vivia dizendo que ela pertencia ao grupo da outra casa.

Lá, Natália, Michelly e Lucival a acolheram. Mas os diálogos, ora engraçados, não me satisfaziam tanto. Diana aparenta ser mais inteligente do que, de fato, é (já perguntou se Belo Horizonte fica em Minas, já exclamou que um pepino havia nascido no fígado da galinha – na verdade, ela estava vendo a vesícula – e já teve problemas em raciocinar em provas da comida, como, por exemplo, montando um quebra-cabeça de três peças). Mas é articulada. Sim, ela é boa de discurso.

Discursou, antes de conhecer as pessoas da casa, que objetivava se unir com as mulheres para chegarem até a final. Primeiro erro. Sim, pois ela nem conhecia ninguém e, com essa manifestação, fez com que alguns homens já se afastassem dela, por conta de sua estratégia.

Fora isso, faz o discurso da auto-suficiência, dizendo que não acredita na instituição familiar tradicional, diz que as mulheres vão dominar o mundo e que não existem mulheres heterossexuais. Ok, problema dela. Mas, em um “jogo de relacionamentos”, em um “jogo de convivência”...

Mas, devo confessar que comecei a torcer contra a Diana quando ela começou a ter comportamentos estranhos. Primeiro, ofendeu Natália numa festa (fazendo, inclusive, a mulher chorar), só porque ela evitava uma dancinha mais íntima. Diana xingou Natália e eu vi. Mas o estresse da Diana se devia ao fato das duas estarem no paredão. Não curti a forma que Diana reagiu a isso.

Aliás, ela sempre tende a se isolar do mundo, a olhar para todos com ódio nos olhos, quando é votada. Não aprendeu que aquilo faz parte do jogo? E as pessoas que condenavam o Maurício por ter voltado com sede de vingança não enxergam o mesmo? Sim, pois Diana votou duas vezes no Rodrigão, pediu desculpas e disse que gostava dele... Depois, ficou inconformada quando ele votou nela (a ponto de enfatizar: “não tenho pena nenhuma dele”). Ué, por que pediu desculpas, então? Pra não ser votada?

E o lance com a Paulinha? A garota era a maior vaselina, mas não falava mal de ninguém. Só tinha mesmo uma cisma com a Janaina. Fora isso... Por que a Diana exigiu tanto a aliança de Paulinha, se ela não estava nem aí para a garota. Aliás, mesmo “sendo amiga de todo mundo”, a Paulinha estava sozinha, graças a seu jogo desmiolado. Por exemplo, nenhum anjo pensava em imunizá-la, mas Daniel, o mesmo Daniel que havia comprado sua briga contra o Diogo, sugeriu indicá-la ao paredão. Paulinha mereceu perder o jogo (e não foi por ter comido muitos pães não, crianças). Mas, e Diana?

É isso. Esse papo politicamente correto de “eles são humanos, eles cometem erros, eles cometem excessos e blá blá blá”, serve para todos, não é? Mas o que está em jogo não é isso. Não é para se eleger o mais divertido, ou o mais bobo (Sérgio Mallandro merecia vencer A Fazenda por ser assim?).

Mas respeito a idolatria, me espanto com a alienação, e sigo minha vida. Não estou irritadíssimo com o BBB. Continuo a minha vida numa boa. Mas não sou cego a ponto de não enxergar algumas coisas que acontecem. E, pelo pouco de inteligência que me sobra, eu analiso e opino. Como disse, criei um Blog pra escrever minha opinião.

Por exemplo, um colunista de um famoso site entrou no Twitter na terça e escreveu “Chupa, Rodriguetes”. O mesmo site que prega que Daniel, Diana e Maria merecem chegar à final, única e exclusivamente por serem “gay, lésbica e garota de programa”. Já disse sobre o mal que isso pode ocasionar, da forma como esse argumento abre portas para o preconceito.

A edição do programa também parece tendenciosa, a última prova do líder foi esquisita... Não é chororó. Aconteceu. Já li um texto de uma pessoa que detesta o Rodrigão e falou o mesmo.

Mas, tudo bem. É um programa de TV feito pra colocarmos em prática nosso lado mais sádico: “Quero ver briga, sangue, humilhação, sofrimento, sexo selvagem...”. É mais ou menos assim, não é? As pessoas que entram são usadas, massacradas, esquartejadas, idolatradas e cuspidas, logo em seguida. Enquanto isso, a emissora faz aquela festa, aquele clima festivo, tratando o programa simplesmente como um programa de TV. Como se as pessoas envolvidas fossem atores contratados, prontos para o que der e vier.

E, quando digo que o programa está mal das pernas, não estou sendo passional ou "putinho", não. A audiência não anda lá essas coisas, em se tratando de BBB. A prova disso foi que o paredão de terça, talvez o mais importante da edição, não obteve nem um terço dos votos do paredão mais importante do BBB passado.

E a culpa é minha? Eu hein... Essa é só a minha opinião... Não precisam me morder.

PS.: Fico feliz em saber que muitas pessoas que não curtem meu Blog não gostam de ler. Menos mal, pois eu não pretendia conquistar esse público, mesmo. Hahahahahah #SouPodre

2 comentários:

  1. Concordo e muito com tudo que vc escreve. Assisto o BBB numa boa e tento ser imparcial e não julgar, apenas me divertir. Não entendo como as pessoas podem rotular alguém de ser o vilão de um reality e massacrar alguém que não conhece... Mas é só a minha opinião!

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  2. Concordo com você! Principalmente em relação as atitudes de Maria com Maurício (Mau Mau). Eu assim como você admirava a Maria, só que eu mais no início do programa depois me desapontei com algumas atitudes dela lá dentro! Fiz alguns comentários a respeido dela em um blog e geral ficou puto da cara comigo. Será que não tenho mais o direito de expressar minha opinião? Afinal o BBB11 é um RS e todos os participantes que lá estão devem ser julgados pelo público, FATO!

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