quarta-feira, 30 de março de 2011

FINAL FELIZ

No final, todos ficaram satisfeitos: a corte, o rei e o bobo. Bial teve a incumbência de ser o porta voz da produção e, assim como ela, distorceu qualquer fato, assunto ou argumentos, para defender a 11ª edição do programa.

Pecou. Sim, Bial pecou por polarizar as coisas. Acredito que existam preconceitos. Acredito que exista racismo, homofobia, misoginia. Acredito que exista intolerância, bullying... Mas acredito com lamentação.

Bial foi sábio em dizer que, há dez anos atrás, no BBB11, a polêmica era sobre o voyeurismo. Vou mais além: a polêmica, ainda existente, versa sobre celebridades instantâneas, sobre o que as pessoas são capazes de fazer em busca de popularidade. Mas isso não foi mencionado, não sei por que razão. Mas, voltando ao fato lembrado por Bial, o exibicionismo, de fato, deixou de ser polêmico.

Mas não vejo tanta graça nisso, não. Não comemoro essa vitória. Hoje, com essa “geração webcam”, enquanto os pais dormem, os filhos menores se exibem para um monte de estranhos, pelo simples prazer do exibicionismo. Volta e meia, meninas de 14, 13 anos, se exibem na internet, para um bando de estranhos (entenas, milhares), como numa espécie de cartão de visita para pedófilos, maníacos de todo o gênero. Será que estou polarizando demais as coisas? Ou devo mesmo me orgulhar de termos deixado aquela “caretice” de lado?

Não fui eu quem polarizei. Não gosto de rótulos, não gosto de bandeiras, não gosto de superficialidade. Dizer que esse BBB foi marcado pela misoginia é tão radical quanto qualquer discurso misógino. O curioso é que eu já havia alertado, no meio do programa, para uma espécie de sexismo, provocado, sim, por algumas participantes mulheres que, mesmo sem conhecer os demais participantes, buscava uma final feminina. Se dissermos que existiu machismo no programa, podemos dizer que existiu feminismo, também. Mas, misoginia... Vejamos a distinção:

Machismo: crença de que os homens são superiores às mulheres.

Misoginia: ódio/aversão ás mulheres

A questão crucial do programa não foi a misoginia, o preconceito, a intolerância. Combater os rótulos que os outros criaram (bicha, sapata, puta, mané) com mais rótulos, não é inteligente. É como alguém lhe chamar de “otário” e você revidar com “idiota”. Soa até infantil. O discurso que Fulano não deve ganhar por ser gay, lésbica ou garota de programa é um discurso preconceituoso, mas tão fraco que não convence ninguém (pelo menos, não deveria convencer). Ou seja, são discursos prontos, sem argumentos (e costumo me prender aos argumentos). Mas, óbvio, para Bial Boninho e Cia., bater nessa tecla seria mais interessante. É chover no molhado dizer que preconceito não é bom. Muita gente aplaudiria.

O que quero dizer é que, neste BBB, a grande discussão não foi essa. Falou-se em massacre moral, bullying, infidelidade, irresponsabilidade, atentado ao pudor, apologia às drogas... E grande parte disso tudo não se deu por conta dos “vilões” do BBB11, como muitos (inclusive a produção) rotularam. Muita estupidez que citei foi proferida pelos “heróis” e “protagonistas” do BBB11, e, pasmem, pelo público.

O ódio, a inveja, o apoio à traição, a admiração à promiscuidade, o sadismo, o sexismo, a estupidez... Garanto que Bial, se dissesse isso, iria mexer com muita gente. Inclusive com ele, com o diretor, com a emissora...

No final, foi apenas um jogo. Um programa de TV, em busca da melhor audiência. Uma novelinha diária... Com pessoas, que pareciam ser de verdade, mas eram personagens: não tinham compaixão, afeto, sensibilidade, envolvimento. Eram loucos cegos em busca de fama e poder. Pelo menos, é isso que muitos andam dizendo por aí.

Mesmo assim, parabenizo Maria. Lamento ela ter mudado, lamento ter sido protegida pela edição, que seguia conforme seus discursos, lamento seu cinismo em se fazer de vítima e sua capacidade de colocar até Jesus Cristo na berlinda.

Seu passado ou seu futuro não me interessam. Suas atitudes no jogo, eu questiono. Neste momento, as pessoas exaltam “a primeira mulher bonita a vencer um BBB”. Fazem provocações a MauMau, como se ele estivesse se importando com isso. E, ao fim, polarizam: “Venceu uma mulher que foi rejeitada pelo ex!”. Ponto. Ignoremos o resto!

Polarizando, exagerando, rotulando, disseminando o ódio, justificando erros, se eximindo de qualquer responsabilidade. Ou seja, o público cumpre seu papel, fazendo o que mais gosta de fazer. É ou não é um final feliz?

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