sexta-feira, 4 de março de 2011

DOSSIÊ DANIEL – INVESTIGAÇÃO CRIMINAL

Não é de hoje que nossa equipe de investigação está na cola de Daniel, vulgo Dani Coqueirinho, um meliante de quinta categoria, acusado de enganar milhares de pessoas.

Na condição de participante de um programa de televisão líder de audiência, cujo estigma fundamental é a popularidade, Dani Coqueirinho não mede esforços para manter seu rótulo de popular e, com isso, ganhar o quase-status de herói nacional.

Neste programa, alguns participantes pareciam determinados a esse feito. Porém, colocaram tudo a perder, quando a grosseria, a agressividade, a futilidade e a promiscuidade foram exaladas por seus respectivos comportamentos.

Mas Dani Coqueirinho segue imune a essas críticas. No início, parecia apenas um participante condenado ao esquecimento: logo de cara, adquiriu o rótulo de “fofoqueiro” e, embora grande parte do público seja assim, seu índice de rejeição parecia subir assustadoramente.

Nem seu currículo de rapaz de baixo poder aquisitivo, altruísta, solidário, administrador de um abrigo para idosos, parecia fazer diferença.

Porém, numa tentativa de alavancar sua popularidade, a produção do programa inventou um quadro a parte, onde “a arte de falar mal dos outros” recebeu adereços complementares, se tornando algo, de veras, divertido e interessante.

Mas era pouco. Neste quadro, intitulado “Tricotando com Dalu”, Dani Coqueirinho dividia a cena com outro participante, chamado Lucival, vulgo Lulu Então. Nesse quadro, Dani Coqueirinho já se destacava com seu humor e carisma, e era o grande responsável pelos sorrisos do público... Era feito o Didi para o Dedé... Ou o Jerry Lewis para o Dean Martin. Foi necessário o sacrifício de Lulu Então para que Dani Coqueirinho pudesse ganhar o status absoluto de ídolo.

Fora o "momento venenoso", Daniel praticava discursos humanistas. Certa vez, criticou o desperdício de água, quando as meninas demoravam no banho. Fora isso, faz discursos do tipo "filhos de Francisco", ou seja, diz que já passou necessidades e que a xepa da casa é luxo. Mas ele já demonstrou detestar estar na xepa. Na verdade, o discurso simplicidade segue de mãos dadas com o discurso esnobe.

Tudo começou com uma festa. A produção decidiu premiar o participante mais animado. Adivinhe quem venceu? Dani Coqueirinho extravasou, pela primeira vez, protagonizando cenas bizarras, como um ensaio de “strip tease”. Foi considerado o mais animado da festa e, como prêmio, ganhou um hilário salto de pára-quedas.

Eis que surge nossa primeira evidência: às vésperas da festa seguinte, Dani Coqueirinho se perguntou se o mais animado também seria premiado. E, novamente, mais um show.

Dani Coqueirinho extravasa: dança de forma engraçada, se declara ao coqueiro da casa, bem como a qualquer arbusto, beija espelhos, levanta o vestido das mulheres, além de lambê-las obscenamente, questiona a masculinidade dos homens da casa, bem como a pureza das mulheres, e xinga muito. Dani Coqueirinho pronuncia coisas impublicáveis, desde suas preferências sexuais mais íntimas, até apologia ás drogas (ele diz ser usuário de todas). Em uma conversa dessas, admitiu se masturbar frequentemente no banheiro reservado da casa.

No dia seguinte, a história é sempre a mesma: Dani Coqueirinho se diz envergonhado, afirma ter vergonha de sair na rua quando voltar pra casa, parece constrangido, temendo perder sua credibilidade de bom cidadão, e promete não beber na festa seguinte. Mas a história tem se repetido.

A segunda evidência é a rapidez com que ele assume sua suposta embriaguez. Por exemplo, na penúltima festa, ele demonstrou indícios de devaneios assim que o show terminou, e ele estava apenas nas primeiras doses de bebida. No final, o “cidadão consciente” ousou em mergulhar o rosto em uma vasilha de estrogonofe, não ligando para o desperdício, o que gerou a reprovação de quem o assistira (pouco depois, preparou seu prato e derramou toda a comida). Mais ainda: se despiu por inteiro na frente das mulheres. Já na última festa, ele se conteve mais, e resistiu bravamente, não se colocando em situações vexatórias (embora continuou levantando o vestido das mulheres). Porém, mesmo supostamente “alterado”, ele teve a consciência de ter uma conversa estratégica com Talula e Diana, antes de dormir.
               
Mas a terceira evidência veio na presente terça, onde, em um momento de descontração, a produção liberou bebida e música alta. Os participantes ficaram conversando na beira da piscina, e Dani Coqueirinho consumiu certa quantidade de cerveja. Muita, por sinal. Mesmo assim, como aquilo não se tratava de uma festa, permaneceu supostamente consciente até o fim, dando, inclusive, conselhos. Algumas vezes, chegou a entoar sua voz da mesma forma que faz quando embriagado, mas, neste evento comum, tudo parecia apenas uma brincadeira.

Agora, não dá pra entender sua orientação sexual. Não que tenha relevância para a nossa investigação. Ocorre que Dani Coqueirinho, aparentemente afeminado, detesta ser rotulado como tal. Em um episódio, se irritou profundamente com Jaqueline quando ela o chamou de senhora (e olha que o termo nem foi empregado em caráter pejorativo). Ele odeia ser esteriotipado. Mas, numa festa, fez questão de chamar Diana de "sapata". Mais do que isso, vive fazendo insinuações homossexuais quando aparentemente bêbado.
E esse é o ponto: a grande evidência é a forma como ele muda seus discursos. Durante o dia, uma pessoa aparentemente do bem, compreensiva (principalmente depois da eliminação de seu amigo de dupla), disposto a ajudar, com uma linda história de vida, e, acima de tudo, discreto sobre sua vida particular. É tratado carinhosamente por todos, inclusive pelo inconseqüente Diogo, que nem ousou a questioná-lo ao ser indicado por ele para o paredão.

Por falar em liderança, Dani se mostrou de maneira confusa quando líder: havia votado em Diogo duas ou três vezes (na condição de "defensor das mulheres"), mas estava começando a mudar de ideia quando foi líder. Seu alvo seria Paulinha, que permanecia passiva às ofensas de Diogo, e sequer votava nele. Angustiado, Dani Coqueirinho ouviu Talula, Janaína (que já estava no paredão) e até a própria Paulinha, e, mesmo aparentemente amedrontado, decidiu indicar Diogo. Tudo aconteceu como o esperado: Diogo não questionou a decisão dele, e foi eliminado. Depois de tudo, Dani Coqueirinho sorriu e disse "ter tomado gosto por indicar alguém ao paredão". O medo passou?

Estrategicamente falando... Talula jura (e faz de tudo para estar certa) que Dani Coqueirinho está do seu lado. Não como amigo, mas como aliado. Aparentemente influenciável, ele parece um bom aliado. Já Diana acredita que ele é uma figura flutuante, e tenta trazê-lo para seu lado. Dos homens, Wesley é o preferido de Dani Coqueirinho.

Por falar em Wesley, Dani Coqueirinho nem disfarça sua admiração pelo médico. Acha ele seu homem ideal, e vive dando indiretas. Porém, quando supostamente embriagado, nem ousa em concretizar suas investidas na sua paixão.

Dani Coqueirinho diz entender Maurício por rejeitar Maria; diz entender Maria, também, e vive pedindo para ela amenizar suas atitudes. Porém, no clamor das festas, em meio à sua pseudo-embriaguez, questiona a masculinidade de Maurício, menospreza os atributos físicos do rapaz, e incentiva Maria a ficar com Wesley. Vale dizer que ele sugeriu isso naquele evento de terça, mas, como ele não estava “embriagado”, ele apenas sorriu, como se estivesse brincando.

Enquanto isso, Dani Coqueirinho segue popular, com o rótulo de “mais divertido do programa” e, para muitos, é apontado como merecedor e franco favorito ao prêmio final.

Porém, nossa equipe de investigadores continua atenta, observando cada passo desse meliante.

Crime: Estelionato
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

PS.: To viajando demais... Hahahahah

Um comentário:

  1. Brilhante, Seu João, como sempre.
    A ambiguidade de Daniel não me atrai. As vezes rio com ele, não nego. Mas na maior parte do tempo, fico me perguntando como será a tal casa de repouso de idosas que ele dirige. #medo

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