segunda-feira, 7 de março de 2011

MAIS UMA ANÁLISE ATUALIZADA - PARTE 1

Só assistimos àquilo que queremos
Hoje, meu comentário tem o caráter de desabafo. Eu me assusto profundamente com a forma com que um reality show tem o dom de colocar pra fora tudo que há de ruim em nós. Nossa agressividade, nossos preconceitos, nossa inveja, nossa arrogância. Parecemos cientistas rindo das nossas cobaias, sem saber que nós é que somos as cobaias.

Sou um cara divertido, de veras. Brinco com todo mundo (quem me conhece, sabe). Mas brinco até a página 2. Não vim ao mundo para cuspir em ninguém, mas também não faço questão de agradar ninguém.

Antes que você se pergunte por que estou falando isso, devo dizer que é insuportável assistir a uma competição sem encontrar um digno merecedor do prêmio. Esse BBB11 parece ter sido formado por figurantes: participantes que deixariam as edições anteriores na metade do programa.

Assim, temos que nos acostumar a aceitá-los como heróis ou algo assim, garimpando méritos. E estabelecendo, como de praxe, rótulos. Odeio rótulos, mas acho que a ação de rotular é inevitável em um programa assim.

Como sempre, temos os desprezíveis vilões e os messiânicos heróis. A própria música tema diz: “entre o bem e o mal, ser ou não ser”. O nome da música é “Vida Real”, e a letra em português foi escrita por Paulo Ricardo. É meio assim, mesmo. A gente deve escolher entre o bem e o mal. Fato. Mas o que seria o bem? E o que seria o mal?

“Tudo pela grana” pode ser um lema ruim. Mas, em se tratando de um jogo, tudo que não é proibido é permitido. Existem as regras, que devem ser cumpridas. Fora isso, tudo vale. Blefar, inclusive.

Sim. Como BBB é um jogo de comportamento, o grande blefe é seduzir o público. Algumas pessoas têm esse dom: pessoas simples, pessoas de baixo poder aquisitivo, pessoas alegres, pessoas bonitas, pessoas inteligentes... Tudo pode contar a favor. O resto fica por conta das atitudes.

Pois bem. Pessoas caladas, quietas, tímidas, inibidas, tendem a ser massacradas pelo público. “O que esse cara ta fazendo aí?”, “Esse samambaia não merece ganhar!”, ou algo assim. Não discordo. Ao entrar num empreendimento desse, a pessoa tem a obrigação de se expor, de dar a cara pra bater, de mostrar atitude. Se esconder não é boa ideia... Mas não faz de ninguém um vilão.

Frequentemente, tenho me deparado com comentários de internautas se referindo a Talula como a grande jogadora desta edição. Discordo. Talula age como se estivesse entrado em um jogo de futebol com uma bola de basquete debaixo do braço. Vê o Big Brother como um jogo de tabuleiro, meramente estratégico, e teme ser odiada profundamente aqui fora. Portanto, foge do paredão como o diabo da cruz.

A estratégia de um BBB é se expor até certo limite, mas se manifestar, se defender (quando necessário) e contra-argumentar seus ofensores. Reunir meia dúzia de paspalhos e dizer quem deve ser votado é cretinice. É o mesmo que usar pessoas para obter algo. BBB é jogo individual, fazer o jogo de outra pessoas é o mesmo que fazer o jogo do adversário. Tudo bem que lavagem cerebral, oportunismo e manipulação parecem coisas banais aqui fora, mas não acho nada disso admissível.

E Talula já traçou planos de combinação de votos, fez com que o público eliminasse quem não tinha nada a ver com a história, mostrou arrependimento logo após, costuma chorar. Sempre se diz ameaçada, busca aliados, em vez de amigos, dificilmente vai a um paredão e, mesmo assim, teme ser eliminada sumariamente. Na última festa, por exemplo, Talula e Daniel fizeram juras de amor a Diana (exageradamente), de olho no colar de anjo dela. Por fim, Talula insiste com discursos dramáticos de mãe do ano, ao mesmo tempo que invoca sua vida de solteira.

Para mim, o grande jogador dessa edição se chama Daniel. Querendo ou não querendo, ele sabe remediar a dose e, com clichês batidos, consegue ser insuportável sem ser chato, grosseiro sem ser agressivo e divertido sem ser palhaço. Tem tudo aquilo que o Diogo tinha de bom (aos olhos do público), mas não é tão irresponsável a ponto de colocar tudo a perder com frases estúpidas e desabafos assustadoramente violentos.

Daniel sabe ponderar. Costuma manter uma discrição incomum sobre sua vida íntima, mas insiste em dar “alfinetadas” nos outros. De fofoqueiro, passou a ser o “mais divertido” do programa. Supostamente bêbado, pronuncia coisas impublicáveis, e aproveita a oportunidade insana para expor seu lado jogador, seja defendendo seus pontos de vistas, seja usando o programa para palco. Aliás, o seu aliado, o coqueiro, ficou ainda mais aliado, depois que Pedro Bial e, recentemente, Jorge Fernando, deram a entender que essa parceria está dando o que falar. Na sua grande atitude no jogo, indicou Diogo ao paredão final, e ameaça indicar aqueles que, supostamente, não são seus aliados.

Mas, nesse BBB, nenhuma atitude é tão relevante. Cada atitude se resume apenas à escolha do voto. Até aí, tudo bem. Mas, mesmo assim, na maioria das vezes, as pessoas tendem a se esconder, a fingir que o voto não foi consciente, e todos se tratam como numa colônia de férias, onde a intolerância que uma pessoa nutre por outra é ignorada (afinal, isso contaria de forma negativa). Enquanto isso, as conversas paralelas seguem, como se fosse uma outra realidade.

Para mim, a grande favorita deste programa é Diana. Tantas vezes discreta, mesmo parecendo ter uma visão sarcástica (outrora intolerante) sobre os outros participantes, foi colocada na situação de “participante solitária”. De certa forma, isso se deve a ela, que não cativou muito e não mergulhou tanto no mundo dos demais participantes. Suas piadas irônicas, seus comentários indiscretos, ou suas frases feministas (tantas vezes desnecessárias) foram afastando outras pessoas. Ela já entrou com a frase estúpida de “não votar em mulher”, o que gerou, com toda a razão, o desconforto de participantes homens.

As pessoas mais próximas dela foram sendo eliminadas, mas ela continua. Segue com seus jogos provocativos (sexuais), com suas insinuações promiscuas, mas nega qualquer tipo de envolvimento mais profundo com qualquer pessoa.

(CONTINUA...)

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