sábado, 5 de fevereiro de 2011

RONALDUCHO FOFÔMENO


Ronaldo, após a eliminação
do Corinthians na Libertadores

Outro dia, eu havia publicado neste blog um texto sobre a chegada de Ronaldinho Dentucho ao Flamengo. Dadas devidas proporções, há dois anos atrás, a euforia ocorria no Parque São Jorge: o Corinthians repatriava Ronaldo Fenômeno, numa histórica negociação.

Tudo bem que o cara não estava lá jogando grande coisa. Problemas com as graves lesões sofridas ao longo da carreira, problemas com o peso, com escândalos extra-conjugais... Ele já não era o mesmo. Mas, por ser um jogador diferencial, não deixava de ser chamado de Fenômeno.

E honrou a esperançosa torcida corintiana, conquistando os dois campeonatos do primeiro semestre: Campeonato Paulista e Copa do Brasil. Ronaldo fez gols que até lembraram grandes momentos de sua carreira, e ajudou a equipe a se transformar na melhor do país naqueles meses.

Acontece que, depois daquela euforia, Ronaldo ficou cada vez mais ausente dos jogos, mas nada no mundo o faria desistir da habitual condição de garoto propaganda. Desta vez, até o SBT investia na imagem do jogador, afinal, nenhuma super-exposição de Ronaldo é gratuita.

Mas... E os títulos? E o futebol? O ano seguinte, 2010, ano do centenário do Corinthians, foi marcado por muitas comemorações, mas nenhum título. Ronaldo quase não jogou, e nem a vinda do craque Roberto Carlos fez o time engrenar. Na verdade, até tentou se impor no Brasileirão 2010, mas tropeçou nas próprias pernas. Ronaldo perdeu qualquer esperança de voltar à seleção, não foi convocado para ir à copa (mesmo numa seleção necessitada de centroavantes), e pareceu desgostoso com a carreira.

Na verdade, ainda era o trunfo, o craque, a grande estrela do time. Quando jogava, a esperança de gols nem se esvaecia nos jogos apáticos. Porém, tudo começa a mudar, e quem jogavam flores em sua chegada, foram os primeiros a jogar pedras.

O ano do centenário acabou sem título, mas o “Timão”  tinha uma aposta: a Taça Libertadores de 2011. O time precisava jogar a chamada pré-Libertadores, para se classificar: apenas dois jogos contra um desconhecido time do Peru, o Tolima. No primeiro jogo, no Pacaembu, um estranho empate sem gols nem parecia prever o que estava por vir. No segundo jogo, no Peru, Corinthians perde de 2a 0 e é eliminado da competição.

A revolta da torcida, e até da imprensa (quase sempre imparcial) elegeram o Ronaldo como culpado. Claro, culparam presidente, treinador, jogadores, mas, principalmente, o Ronaldo, o craque que não joga. Os vândalos torcedores apedrejaram ônibus, a sede do time, quebraram carros de jogadores, e exigiram mudanças. Uma dessas mudanças se chama “Fora, Ronaldo!”. E os torcedores dos outros times? Já sabem, né...

E o Fenômeno? Até que foi político, e admitiu sua tristeza. Cumpriu o protocolo, em vez de se isolar do mundo, como alguns fazem. Só que, via Twitter, seu discurso gerou resistência de um famoso torcedor: o ex-jogador e atual comentarista, Neto.

Não sou fã do Neto... Era um bom jogador e só. Sua rebeldia era mais famosa que ele. Como comentarista, busca a mesma polêmica, como se fosse um estilo próprio (isso é moda). No mini-blog, tomou satisfações com o Ronaldo, insinuando que ele não joga com o coração, mas joga pelo dinheiro. Ronaldo disse que não ia discutir com quem cospe em juiz (lembrando um patético episódio do ex-craque e escroque). Por sua vez, para abaixar ainda mais o nível do diálogo, Neto disse que também não ia discutir com quem leva travesti pra motel, e ainda lembrou que um deles morreu de AIDS.

Enfim... Neto foi tão patético quanto o futebol do Corinthians, e Ronaldo, é claro (desculpem o trocadilho) foi político. Continua marqueteiro e, como ele mesmo disse, não precisa jogar bola pra ganhar a vida. Não precisa mais. O cara já fez muito: maior artilheiro das Copas, campeão mundial, melhor jogador do mundo. Já está de bom tamanho.

Que ele compre um sítio e viva sua vida com tranqüilidade, catando os níqueis conquistados. Ah, e que se foda o Neto, que não teve cabeça pra se garantir com o futebol. Desculpem a minha franqueza.

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