sábado, 12 de fevereiro de 2011

E AÍ, A CULPA É DE QUEM?


A seleção brasileira foi até a França jogar com a seleção local. O jogo, ocorrido nesta quarta-feira, parecia mais um espetáculo organizado pela Nike para apresentar os novos uniformes das equipes.

Mas tinha muita coisa por trás deste clássico. Do lado do Brasil, só se falava em “vingança”, “quebra de tabu”, e “superação”, frente à sofrida derrota, no último jogo, para a seleção da Argentina. Do lado da França, havia a responsabilidade de vencer em casa, diante da sua torcida.

Mas o desenho do jogo não parecia esse. Foi visto um Brasil dominando a posse de bola, mas sem objetividade. Tanto que, o único momento de perigo do primeiro tempo foi por parte da acuada seleção francesa.

Parece que nosso futebol volta àquela apatia de algum tempo atrás, com um estilo pseudo-ofensivo, mas sem metas, sem planos. Por exemplo, marcar a saída de bola do adversário, que seria algo óbvio, ainda é visto com desdém pelos nossos jogadores e treinadores, que não se empenham nessa atitude.

Ocorre que ficamos 14 anos sem títulos em Copas do Mundo, em meio a essa cultura de futebol arte. Fora a infelicidade (e descuido) da Copa de 82, a gente buscava esse modelo de futebol antigo, voltado ao ataque, aos dribles, jogadas de efeito... Tipo como nos games. Mas, quem cagava pra isso, priorizando a técnica e a objetividade, papava títulos. Tudo bem que tivemos a Argentina de Maradona, mas, tirando o brilho do habilidoso jogador, aquela seleção sempre priorizou a técnica objetiva, e não o baile em volta do salão.

Mas, mudamos um pouco nos anos 80. Em 89, conseguimos ganhar a Copa América, depois de séculos. Já em 90, nossa seleção até entendeu o recado, mas errou a mão com um time extremamente defensivo. Mesmo assim, os favoritos argentinos (campeões de 86 e vice em 90), suaram para nos eliminar. Isso, sem contar uma visível pressão por nossa parte. Em 94, saímos da geladeira com uma seleção depenada pela opinião popular. Conquistamos o tetra, o prestígio e futuros títulos. Em 98, houve a controversa final perdida pra França. Mas ganhamos a copa de 2002... Com três zagueiros e um centroavante. Mas, tínhamos a objetividade de Ronaldinho, Rivaldo e Ronaldo. Já em 2006, aquele circo não parecia dar em nada. E não deu.

Enquanto isso, as seleções regulares e tecnicamente disciplinadas foram vencendo as copas, cabendo a nós apenas nos contentarmos com a Copa América e a Copa das Confederações. Aí, veio 2010. Um péssimo momento para nosso futebol, que tinha todas as suas estrelas vivendo um mau momento. Mesmo assim, era uma seleção que parecia mais disposta a vencer do que a seleção da copa anterior. Perdemos, mas, tirando a mania de criticarmos sempre o treinador, a convocação, e o Galvão Bueno... Não foi tão feio, assim. Aliás, pelo primeiro tempo jogado contra a Holanda, a gente tava com cara de quem iria brigar pelo título.

Normalmente, com a eliminação, veio a ideia de renovação, como há quatro anos antes. Só que, agora, o buraco é mais embaixo: não participaremos das eliminatórias, e a próxima Copa será em solo brasileiro. Temos que agir.

Até porque, temos uma nova geração se apresentando, encabeçada por Neymar, que, a meu ver, é um diamante sendo lapidado. Mas não é a salvação da lavoura, não. Nesse clima de oba-oba, o novo técnico da seleção, Mano Menezes começou bem. A imprensa fez pouco caso do irritado ex-técnico Dunga.  A seleção venceu os Estados Unidos na estreia do novo técnico, com um pouco de futebol arte, mas nada tão impressionante, que não fosse velocidade e vontade de mostrar serviço.

Mas não me convenceu nos outros jogos, contra equipes medianas... Nem no principal jogo de 2010, contra a Argentina. Tudo bem que foi 1 x 0 no final, com um gol do melhor jogador do mundo na atualidade. Mas não tinha necessidade. A seleção argentina não é lá um bicho de sete cabeças (e tem uma defesa meio chinfrim). Mais uma vez, faltou objetividade, e nem o santo Neymar fez milagre. Mas colocaram culpa na ausência de um centroavante: Pato estava lesionado.

Já no primeiro jogo de 2011, contra a França, tínhamos o Pato, mas não tínhamos Neymar. Mesmo assim, o retrato foi aquele que passei: domínio de bola, mas pouca (ou nenhuma) objetividade.  Até que o estreante Hernandes foi imprudente e foi merecidamente expulso. O primeiro tempo terminou empatado, sem gols.

No segundo, o Brasil não mostrou nem domínio de bola, e as melhores jogadas de ataque partiram dos franceses. Menez e Benzema fizeram a festa, mas apenas um gol. Os outros dois gols foram evitados pelo goleiro Júlio César que, após as duras críticas sofridas na eliminação da Copa (óbvio, né) voltou à seleção com força total e foi o melhor brasileiro do jogo. De fato, não fizemos um bom jogo.

Tragicômico é ouvir comentários de que o placar não foi merecido, que jogamos bem no primeiro tempo, perdemos por causa da expulsão, perdemos por causa da ausência de Neymar, do Ganso, do Kaká, do Pelé... Afinal, Mano ainda é o excelente técnico que está tentando resgatas nosso futebol arte. E, como disse o comentarista Caio Ribeiro, da Globo, tem que jogar no ataque, independente de vencer ou perder. Senta lá.

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