O dia 7 de fevereiro de 2011 começou triste para o mundo do Carnaval. Na Cidade do Samba, no Rio de Janeiro, quatro galpões foram atingidos por um incêndio de grandes proporções. Embora não houve vítimas, três escolas de samba que desfilariam no Grupo Especial deste ano perderam praticamente tudo.
A Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro se disponibilizou a ajudar, no que for possível, às escolas atingidas, e a LIESA – Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro – já informou mudanças para o desfile deste ano: as três escolas prejudicadas não serão julgadas, e não haverá queda para o Grupo de Acesso.
Mas, as três escolas vão desfilar. E essa é a questão. A previsão de um desfile emocionante serve de alento para todos aqueles que amam o Carnaval.
Não sei se é o meu caso. Gosto do Carnaval, mas não sei se amo. Respeito, assisto, opino... O pessoal de criação, ou seja, os carnavalescos, são verdadeiros artistas Muitas coisas interessantes podem ser aprendidas durante um desfile de Escola de Samba.. E muitas coisas interessantes podem ser vistas, também... Calma, gente, eu estou falando da beleza estética do desfile. Mas não me importo em admirar a beleza estética das mulheres que desfilam, também.
Mas sei que o Carnaval é mais que isso e, mesmo com tanto marketing, tanta busca por holofotes, tanta vaidade exacerbada (e comprada), ele continua sendo uma festa popular. E vou dizer por quê.
Nada contra os mais favorecidos, que gastam em camarotes, ou contribuem com as escolas pra ter a oportunidade de desfilar nas mesmas, mas o que me chama mais a atenção e traz destaque para esse evento são os populares.
Estou falando sobre o pessoal da arquibancada popular, que passa a noite assistindo ao espetáculo, como antigamente, quando os desfiles de escola de samba eram semelhantes a desfiles de bloco. Também me refiro ao pessoal da comunidade, que se mobiliza e se orgulha de representar sua escola, arregaçando as mangas, inclusive (algumas celebridades que desfilam não fazem muita questão disso). Vejo a emoção do popular representando sua escola, sua comunidade e, nessa hora, eu percebo o quanto o Carnaval é, sim, uma festa popular.
Pra falar a verdade, tenho uma certa ligação com o Carnaval. Coisas de criança: já me fantasiei, já fui a matinê, já fiz redação de escola sobre esse tema, já me engasguei com confete e até assisto aos desfiles pela televisão. Posso não ser um telespectador assíduo, mas até consigo ver.
Só que, este ano, um triste episódio aconteceu. Lamento de verdade. Por todos que torcem e, principalmente, por todos aqueles que participam, direta ou indiretamente, deste mega-evento, respeitado mundialmente. Mas desejo boa sorte a todos. E que esse momento triste desperte o verdadeiro espírito do Carnaval: a alegria espontânea.
Aguardo para ver essa tal alegria emocionando os espectadores dos desfiles deste ano. E, mais uma vez, vou admirar os populares exibindo tamanho orgulho. Mesmo que seja o simples orgulho de ser feliz.
PS.: Se você é algum fanático religioso que abomina o Carnaval como um todo, acha este texto uma babaquice e, pior ainda, acredita que este incêndio foi uma espécie de “castigo”, até tenho uma resposta pronta, mas, por ser um gesto obsceno, não vejo sentido em digitá-la.
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