segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A VERDADE NÃO SE CONTA (It's a Miserable Life)

Boston, 1942. Mary Hellen não se preocupava muito com seu futuro. Estava acomodada com sua vida, e acreditava que tinha de tudo. Seu marido, Maurice, era um pacato industriário que aparentava, muitas vezes, dar mais valor aos seus amigos do que à esposa. Mas Mary Hellen não se importava.

Maurice tinha o rosto deformado, devido a um acidente com ácido sulfúrico, e Mary Hellen o amava, mesmo assim, e o respeitava por ser uma pessoa bacana. Nada parecia aborrecer a moça.

Afinal, essa vida simples parecia ser melhor que seu tempo de dançarina do Dream Cabaret. Dizem as más línguas que, na época, ela usava um pseudônimo, mas isso não vem ao caso. Ocorre que Mary Hellen estava feliz.

Eis que o destino lhe prega uma peça! O que parecia ser um dia comum se transformou em um dia triste. Maurice foi convocado para servir à Pátria, na Segunda Guerra Mundial. Mas Mary permanecia confiante, como se fosse inatingível, e seguia confortável, mesmo diante daquela situação. Maurice embarcou, e a moça permanecia com um sorriso pronto para sua recepção.

Mas, o que parecia ser ruim, piorou. Mary Hellen recebera a notícia da morte do seu amado. Sempre confortável, a moça respirou fundo e seguiu sua vida, embora com as lembranças do falecido. Acreditava, na verdade, em um possível re-encontro, em outra vida. E tinha certeza que Maurice, onde quer que estivesse, estaria olhando por ela.

E foi nesse momento de superação que surgiu o nosso terceiro personagem: Wesley. O charmoso médico chegou na cidade e se tornou vizinho de Mary Hellen. Não demorou muito para ele se interessar pela voz encantadora da moça que, por sua vez, não escondeu sua admiração pelo doutor.

Wesley soube da recente viuvez de Mary Hellen, mas os olhares trocados com a moça o deixaram cego. Mary Hellen, com seu jeito provocante, seduzia o jovem médico a cada sorriso, a cada piscada. A moça parecia mesmo gostar daquilo: parecia também estar interessada nele.

Tinha ciúmes das solteironas do bairro, vivia visitando o consultório de Wesley, mas dizia não estar à procura de um novo marido. Volta e meia, pensava em Maurice, e se sentia culpada. Porém, aos poucos, um romance dela com o médico parecia iminente, tamanho interesse que ambos não conseguiam mais esconder.

Só que houve um terrível engano. Maurice estava vivo. Sim. E, no caminho de volta pra casa, soube, através de boatos, que sua esposa estava se envolvendo com outro homem.

Maurice não se conformou e sua volta, que era para ser emocionante, foi constrangedora. Mary Hellen tentou ser mais natural o possível, mas não conseguiu. Wesley praticamente saiu de férias, como se estivesse “lavando as mãos”.

Mesmo assim, a moça tentou se explicar. Mas também não conseguiu. Parecia óbvio que a verdade chegaria a Maurice pela boca de outras pessoas. E, como se desgraça pouca fosse bobagem, o bairro se mobilizou diante dessa situação: mulheres apoiando Mary Hellen e homens apoiando Maurice. No final, parece que todos estavam mesmo eram “se apoiando”.

Maurice não confiava mais em Mary Hellen. Ela, por sua vez, não se conformava com o fato de o “falecido” reaparecer com um comportamento estranho.

Será que ela vai ficar com Maurice, o morto que não morreu? Ou será que o charmoso médico é que vai curar sua dor de amor? Talvez Mary Hellen vire lésbica e namore uma de suas amigas, provando, de uma vez por todas, que são mulheres liberais. Será?

Aguardo as próximas cenas e, por dentro, eu me pergunto: Quem vai ficar com Mary? (mas isso é outro filme, não é mesmo?).

Nenhum comentário:

Postar um comentário