segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A GUERRA DOS SEXOS - PARTE 1

Ultimamente, parece comum se tentar estabelecer um rótulo para as edições do BBB. Na edição passada, com o advento das chamadas “tribos”, o programa ganhou uma dosagem (diria até desnecessária) de rótulos, principalmente, com a denominada “tribo dos coloridos”, formada por dois gays e uma lésbica.

Acontece que, no meu ponto de vista, o estabelecimento de “tribos”, “grupos humanos” ou “grupos ideológicos” tem o caráter temerário: o que parecia ser criado como forma de respeito às adversidades, na verdade, se transforma em combustível para as discussões, das mais esclarecidas ás mais preconceituosas. E o preconceito surge de forma oportunista, não escolhendo grupos específicos para se manifestar. Assim, é aflorado o preconceito não apenas contra gays, mas contra qualquer pessoa simplesmente diferente do preconceituoso.

A décima primeira edição do programa levou a palavra adversidade ao extremo. Não se preocupou exclusivamente com belos participantes ou belos corpos. Levou gays, uma transexual, e mulheres que, aparentemente, não se importariam mesmo em se envolver com outras mulheres. Aliás, a expectativa de que duas mulheres se beijassem nesse programa sempre foi gigantesca.

De fato, as festas sempre são um aperitivo para isso. Brincadeiras envolvendo beijos entre participantes se tornaram comuns. Nem o jogo em si, a principal razão por eles estarem lá, é levado tão a sério quanto os joguinhos de conquista arquitetados por eles, às vezes, até de forma amadora. Apesar do cunho de perversão, o BBB tinha tudo para ser o mais liberal de todos.

Acontece que algumas coisas começaram a aparecer, tornando um programa um pouco menos adverso. A primeira delas, sem dúvida, envolvia a transexual Ariadna que, apesar dos esforços genéticos e cirúrgicos, foi vista pela maioria do público como “um travesti que não revelava seu maior segredo”. No intuito de se preservar, ela só revelou o tal segredo para a casa após ouvir o anúncio de sua eliminação. Porém, antes, muitos queriam que ela revelasse seu segredo, como se fosse um mero detalhe (inclusive Lucival e Daniel, que insistiam em jogar indiretas, até obterem tal confidência).

Por falar em Daniel, o pernambucano, que tem sido o personagem mais carismático do BBB, por conta do marasmo inserido naquela casa, se mostrou indignado com a brincadeira da participante Jaqueline, que o chamara de “senhora”. Parece que ele também não se sente a vontade em ser apontado, rotulado, estigmatizado, ou algo assim (embora não se incomode em apontar para os outros).

Na parte das mulheres, uma personagem nos chama a atenção. Diana se diz bissexual, mas prefere mulheres. Seu estilo é mais masculinizado do que as outras mulheres, mas tem um quê de feminilidade. Faz questão de dizer que não tem problema algum em beijar outra mulher no programa, mas, por outro lado, diz que não costuma tomar a iniciativa. Inclusive, numa conversa meio que reveladora com Paula, que também se diz bissexual, demonstrou não estar disposta a beijar ninguém. Mas seu principal atributo como participante do BBB é justamente esse: a esperança de um relacionamento lésbico. E, mesmo que, aparentemente, por mera brincadeira, ela continua sustentando tal atributo, ás vezes, a ponto de esfregá-lo na cara de quem assiste.

Natália parece ter se interessado por ela, como parecia ter se interessado por Michelly, antes da moça ser eliminada. Mas, cada dia que passa, parece que um relacionamento entre as duas não vai passar das meras insinuações.

Outra característica de Diana, que chamou para si a responsabilidade de “fêmea alfa” (muito embora suas atitudes de mulher não são levadas ao jogo em si), é o feminismo exacerbado, a ponto de se assemelhar ao machismo. Quem assistiu à ultima festa, percebeu a forma como ela tratou Natália, após ser discretamente evitada por ela. Foi como uma espécie de “machão” que não sabe reagir bem a um fora. E, ainda, a forma como ela, no intuito de extravasar, patrocinou cenas patéticas, algumas ligadas á esfera sexual (por exemplo, ela nem se importou quando Rodrigão simulou que ela estava fazendo um sexo oral nele).

Mesmo assim, insiste em proferir discursos do tipo: as mulheres vão dominar o mundo, ou “mulheres no poder”, uma alusão ao fato de ela não votar em mulher. Claro, ela faz questão em votar na Adriana (mulher e moradora de sua casa) que batera de frente com ela, mas suas justificativas de voto não são proporcionais às suas justificativa pré-voto: em vez de “esse jogo envolve pessoas”, ela prefere justificar como “falta de afinidade”. E mais: além de tudo isso, ela pouco faz para combater o machismo que aflorou na casa desde a volta de Maurício. Na verdade, ela ignora a estupidez do Diogo e, apesar de ter votado duas vezes no Rodrigão, fez questão de dizer que gosta dele (talvez, seria uma forma de se redimir com um suposto forte participante, já que ela dependia da decisão do público nesse fim de semana para permanecer na casa).

Natália, outra participante rotulada de inteligente, aparentava impor respeito, principalmente quando defendia suas ideias. Mas, por outro lado, sempre demonstrou uma insegurança, pois chorava após cada decisão tomada, e também ao ser contrariada. Quando André Marques foi convidado para ser DJ de uma festa, ela e Michelly, sua protegida, protagonizaram cenas patéticas, que nem de longe lembravam as mulheres determinadas que elas queriam provar que eram. Foram submissas, bancando o ridículo. Outra atitude questionável de Natália, foi a forma como ela recebeu Maurício, aquele que ela tinha tirado, de forma justificada (na verdade, pelo fato de ele ter indicado sua protegida para a solitária). Ocorre que, com a volta de MauMau, Natália  se sentiu ameaçada pela popularidade dele, e até o trouxe para sua casa. Atualmente, seu alvo é Wesley, por tê-la indicado ao paredão.
(Continua...)

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