terça-feira, 25 de janeiro de 2011

PENÉLOPE PENOSA

Penélope Penosa é inteligente, mas, não tanto quanto acha que é. Acredita que a inteligência seja um quarto com informações desenhadas na parede. Mas informações desenhadas na parede são informações inanimadas, que só servem para ser contempladas. Ela não sabe como usá-las e, diante disso, tais informações não servem para nada, se escondem por trás da poeira do tempo e se perdem aos olhos de pessoas acomodadas. Mas há de quem lhe provar isso.

Penélope Penosa tem suas preferências. Prefere ser conhecida como a alegria em forma de pessoa. Talvez, instintivamente, ela busque nas festas uma felicidade que não possui. E haja festas, haja badalações. Nesses lugares, ela prefere ser o centro das atenções, lançando moda, com um sorriso estampado, feito máscara. Mas o que se esconde por trás dessa máscara? A intolerância, o desrespeito, o egocentrismo, a vaidade exacerbada, o oportunismo. Para mim, um sorriso é pouco para esconder tudo isso. Mas, por mera conveniência, muitos fingem não enxergar, no intuito de fazer parte do seu livro sem páginas. Talvez, por modismo, talvez, por pena. Mas há de quem lhe provar isso.

Penélope Penosa é independente. Pelo menos, essa é a imagem que ela força passar. Como se ignorasse o trabalho, o chefe, o marido, a casa, e todos aqueles que acabam sendo responsáveis por seus dias. A falsa independência a torna uma pessoa arrogante, que se acha acima das demais, tendo o direito de exigir dos outros aquilo que não consegue oferecer. O mundo parece girar ao redor de si, e humilhar os outros parece ser seu propósito de vida. “Ter” passa a ser melhor que “ser”. Mas precisar ter para se firmar como alguém é uma característica de quem desistiu de buscar sua própria personalidade, sua própria afirmação de si. Mas há de quem lhe provar isso.

Penélope Penosa sabe aconselhar. Ela gosta de discutir a relação dos outros. Sim, pois, a sua relação, é fácil de discutir: ela é a parte que tem razão. Com olhos de compaixão, ela aconselha, impõe suas discutíveis regras e prefere sair como uma espécie de sábia, ou alguma entidade acima do bem e do mal. Ela adora mesmo opinar sobre a vida dos outros, como se sua vida não fosse interessante. Parece alguém que desistiu de olhar para a própria casa, e precisa mesmo olhar pela janela para observar quem passa pela rua. Mas há de quem lhe provar isso.

Penélope Penosa não é mulher de se apaixonar: pelo menos é o que diz. Talvez, a paixão por si é tamanha que faz com que suas admirações sejam meras admirações, meros caprichos sem força e sem sentido algum. Não conheço suas preferências, mas ela insiste em gritar para o mundo que prefere a companhia de homens divertidos, o matrimônio com homens bem sucedidos e o sexo com homens viris, contanto que ela seja sempre o macho alfa da relação. Mas há de quem lhe provar isso.

Penélope Penosa é apenas uma mulher frágil, ainda que determinada, e vulnerável para cair nas armadilhas do destino e disposta a exibir a infelicidade, que ela insiste em chamar de felicidade, para o resto da vida. Mas há de quem lhe provar isso.

Penélope Penosa pode ser qualquer mulher que a gente conheça, muito ou pouco. Pode ser qualquer mulher que a gente encontre por aí. Pode ser até alguma mulher que, neste momento, esteja lendo esse texto. Mas há de quem lhe provar isso.

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