sábado, 2 de abril de 2011

INTOLERUS BRASILIS

Vou contar uma novidade para vocês... Eu fui picado pelo Intolerus Brasilis, o mosquito da intolerância. Detesto admitir isso, eu me envergonho, mas, ao mesmo tempo, não posso ignorar.

Mas, o que fez esse mosquito proliferar? Onde diabos está o foco dessas famigeradas pestes? Eu estava numa boa, curtindo meu Blog, rindo de tudo, como um típico brasileiro. Sempre priorizei expor a minha opinião, de uma maneira argumentativa, sem fanatismos, sem excessos, sem alienação.

Sei que ter uma opinião, hoje em dia, é como ter uma doença rara. Argumentar uma opinião para sustentá-la, então, é uma ousadia ultrajante para muitos. Principalmente quando a opinião de quem escreve não é a mesma de quem lê.

Assim, foi. Li alguns Blogs, li alguns comentários no Twitter. Muitos deles, expondo opiniões diferentes das minhas. O que eu fiz? Segui sustentando minha opinião, mas sem confrontá-los. Pra falar a verdade, jamais comentei no Blog de ninguém, nem mesmo para elogiar um texto, o que diria ofender o autor. Mas esse sou eu. Cada pessoa tem sua forma de se satisfazer.

Mas, enfim... Por falar em Twitter, o assunto mais corriqueiro da minha TL é justamente “Reality Show”. Comentar sobre a 11ª edição do Big Brother Brasil até que seria fácil. Primeiro, não tive um participante favorito (e quem fuçar este Blog tirará essa conclusão). Depois, o programa já foi piada pronta: provas que não davam certo, participantes que não convenceram, audiência caindo...

Obviamente, existem e sempre vão existir os torcedores fanáticos, ou seja, aqueles que se apaixonam pelo produto por causa da embalagem. Esses são estranhos... Com dois dias de programa, já elegeram seus favoritos, pela forma física, pelo estilo, pela região do país, pelo time de futebol, enfim, por qualquer assunto que poderia ser irrelevante, em se tratando de um jogo sobre relacionamento humano (a não ser que a pessoa, de fato, priorize a aparência nos seus relacionamentos).

E fui logo percebendo esse fanatismo ganhar forma. Enquanto eu continuava com ironias sobre o programa, ai de mim se questionasse a postura de algum participante que estivesse nos braços do povo... Eu estaria pisando em campo minado.

Mas quem disse que eu conseguia me calar? Logo de cara, achei excessiva a manifestação de tantas pessoas sobre a participante Ariadna. Algumas justificativas para a sua saída (via twitter, ou comentários em Blogs) eram dotadas do mais ardil e doentio preconceito. Até hoje, o rótulo de “transexual” é distorcido, ironizado e rechaçado por muitos.

Não curto muito esse tipo de humor. Sabe, essa linha de humor que muitos comediantes contemporâneos insistem em seguir não me atrai. Apontar o dedo para os outros e rir não me parece muito divertido. Pelo menos, minha mãe sempre me ensinou a não zombar de ninguém.

Comecei a me manifestar sobre isso. Poderia ficar calado, mas, como vejo a internet como um meio onde eu possa manifestar a minha opinião, o meu silêncio poderia soar como concordância. Não! Definitivamente, eu já estava escrevendo sobre o programa, e não poderia ignorar mais nada sobre o mesmo.

Por incrível que pareça, o primeiro massacre moral que eu descobri na internet começou de maneira tímida, e versava sobre o fato de Maria ter ou não ter feito vídeos eróticos. Depois, segundo informação de Ariadna, veio o boato de que Maria havia sido garota de programa. Como era de se esperar, aquilo virou, estupidamente, motivo de chacota.

Ao mesmo tempo, essa informação causou uma reação doentia de muitos fãs da moça, que passaram a diagnosticar como preconceituosa qualquer crítica sobre a participante Maria. Por exemplo, se alguém questionasse a jogadora Maria, cairia numa armadilha, e seria fatalmente apedrejado e rotulado de preconceituoso.

Da mesma forma, se você questionasse a postura de Daniel ou Diana, você seria considerado homofóbico e, mesmo que você escrevesse um texto gigantesco argumentando sua opinião, os fanáticos já teriam o diagnóstico pronto.

Também nunca achei graça em piadas que versassem sobre a orientação sexual dos outros. Sei a diferença de brincadeira para insulto. Nesse território, eu não piso. Não é problema meu. Talvez, eu seja careta demais. E esse foi o meu problema.

Quando percebi o pior linchamento moral desta edição do BBB (e não me refiro ao Diogo, que andou falando demais, foi criticado, eliminado, mas esquecido), mais uma vez, me manifestei. Mesmo apontando os defeitos de Maurício, e analisando-o de forma imparcial, houve quem me chamasse apenas de “torcedor fanático”.

Mas, continuei expondo minha opinião. E é interessante quando você argumenta algo e, aqueles que não pensam da mesma forma, rebatem sua opinião sem argumentos plausíveis. Você sente seu ego inflar, e dá vontade de falar mais.

No texto intitulado “Final Feliz”, fiz questão de parabenizar Maria pela vitória e decidi encerrar o assunto BBB11. Mas, no dia seguinte, não consegui me calar,diante das repercussões pós-BBB, onde não só a torcida fanática, mas também alguns participantes passaram a sustentar o script de vilania do Maurício, com argumentos pífios, que poderiam diagnosticá-lo como mau jogador, imaturo, burro, ou algo assim, mas nunca como mau caráter.

Aí é que está... Meu conceito de caráter é outro. Assim como meu conceito de respeito, de amizade... Pra mim, ser mau caráter é coisa muito séria. Uma escória. Uma pessoa indigna. E não conheço ninguém deste BBB tão bem a ponto de emitir esse parecer. Mas, lembrem-se: essa é a minha opinião.

E a corte se diverte. Pessoas entram no Blog para aparecer mais que o autor, emitindo pareceres falhos e, sob o pretexto de serem “defensores do bem”, ofendem e, mais ainda, se irritam quando têm seus comentários removidos. E pregam a liberdade de expressão, condenando a minha liberdade de expressão. Devo levar a sério?

Pessoas que não gostam de ler o que escrevo, pois sabem que não será do seu agrado e, cada texto argumentativo publicado neste Blog já tem um veredicto: chororô, blábláblá, hipocrisia e preconceito. Mas não me sinto à vontade com isso.

Não sei... Pessoas que não conhecem nada sobre mim, não leram os gigantescos textos... Sim, pois, se lessem, perceberiam que o passado, a profissão, a religião, o sexo e as preferências não me servem de amparo para meus argumentos. Há quem diga que colhi o que plantei – pessoas que também não estão a par do ocorrido. Fanatismo é triste. Ignorância é lamentável.

Se ofendi alguém, não foi a minha intenção. E desafio alguém a apresentar algo nesse sentido que escrevi, que me retratarei com o maior prazer.  Vamos lá, estou aberto a sugestões. Não estou falando de “nobreza”, torcedores fanáticos, falo de hombridade.

Com o ambiente propício, o Intolerus Brasilis fez a festa. Graças a Deus, fui contaminado apenas pela Intolerância Tipo A, aquela que faz a gente discordar de discursos prontos, provocações e ofensas. A pior Intolerância, Tipo C, faz a gente, inconscientemente, discordar até de nós mesmos, a ponto de acharmos que a suprema felicidade está no ato de provocar ou contrariar os outros.

Mas, passada a fase de dores de cabeça e a vontade de reagir com o mesmo ímpeto (o que me tornaria vulnerável para ser contaminado pela Intolerância Tipo C), procurei um médico, que me receitou fortes doses de bom senso.

PS.: Mais uma vez, bloqueio os comentários desse post, ao menos, até que essa epidemia de "Intolerância Tipo C" seja sanada. Obrigado pela compreensão.