... Mas o público segue aos risos e lágrimas. |
Putz, lá vem sermão...
De fato, to ficando meio “quadrado
ao cubo”, ultimamente. Minhas lamentações podem ter algum sentido, mas, na boa,
têm cara de “mimimi”. Mas preciso desabafar sobre isso.
Não assisto mais a nenhum reality
show. Pelo menos, com tanta veemência e fanatismo de outrora. Estou, na
verdade, vivenciando um processo de desintoxicação. Mas, graças a Deus, estou
indo bem: consigo assistir sem tanta paixão... e nem me desespero quando deixo
de assistir.
Mas ainda sigo assustado com as repercussões,
com os sentimentos aflorados por esse tipo de programa. Utilizo a web como
termômetro e ainda me surpreendo. Mas já to chegando ao momento sublime, onde
nada é tão chocante, nada é tão surpreendente.
Já li ou ouvi em algum lugar que
o reality show expõe o que temos de pior. Concordo. Tanto pra quem participa
como pra quem assiste. A gente se expõe, sem máscaras ou personagens, e nos
apresentamos despidos de qualquer artifício. Quem não participa dessa festa,
consegue facilmente construir um personagem: geralmente, aquele que diz que reality
show é perda de tempo, retrato da falta de cultura do povo brasileiro, e um mal
terrível para a humanidade. Quem participa da festa, caga e anda pra esses argumentos.
E eu to me lixando pra esses
argumentos... to me lixando até pra esse texto em tom de desabafo. Mas vou
continuar, assim mesmo. Até porque entendo perfeitamente os sentimentos, as
reações, as opiniões (concordando ou não com elas). Mas morro de medo da pior
de todas as reações.
Percebo que o mais valioso num
reality são as mentiras, as intrigas, a manifestação máxima do ódio... Pra
fazer sucesso, o reality tem que ter polêmica. Dedo no olho, golpe baixo,
cusparada na cara... A gente torce pra isso. De repente, a gente implora para
que aquele participante maldito fique no programa. Mesmo que, para isso, os
coerentes tenham que sair... Afinal, bom mesmo é ser contraditório: beijar o
rosto enquanto esfaqueia as costas.
Quem não se posicionar, merece
sair. Mesmo que o posicionamento seja apenas questão de momento, ou seja,
depende de um momento oportuno: se não for conveniente, seu posicionamento o
torna chato, pretencioso, insensato, semeador da discórdia. Quem se posicionar,
deve ser louvado. Mesmo se o participante se posicionar à favor da pedofilia,
por exemplo, ele será reconhecido por “ser verdadeiro”, e terá fã clube e vigília
na madrugada, em sua homenagem.
Parece tenebroso, mas é verdade. Não
canso de ler manifestações desse porte pela nossa amada web. Às vezes, me soa
como “Fulano é desprezível, mas gosto dele, por ser verdadeiro; Beltrano é
chato, pois fala demais e faz muito discurso pacifista... merece sair”. E a vida
segue.
No reality atual, “A Fazenda 5”,
Gretchen saiu por cima, mesmo sendo detestada por grande parte do público.
Disse que queria sair, mas o público não a tiraria, pois gosta dela. Além de
implicar com Deus e o mundo, mostrou que não curte muito pegar no batente, e
detesta cuidar de bichos. Talvez, foi forçada a assinar o contrato e participar
do programa. Ao contrário de todos os participantes que desistem de um reality,
Gretchen continua sendo atração da emissora, que corre atrás da audiência
perdida.
Enfim, agora, o público que
continuar assistindo ao programa, vai procurar outro participante grosseiro,
arrogante, maldoso e folgado, porém carismático, para torcer. Afinal, o destino
de quem é planta é “ser podado”, e os bonzinhos são falso-demagogos.
Assim como numa novela, o vilão é
figura indispensável ao reality. Sem ele, a história perde o enredo. Mas esse é
o risco de um programa chamado “reality”, ou você acha que o mundo perderia a
graça, se não existissem os ladrões, assassinos e estupradores?
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