domingo, 8 de julho de 2012

PAREI COM OS REALITIES...

... Mas o público segue aos risos e lágrimas.

Putz, lá vem sermão...

De fato, to ficando meio “quadrado ao cubo”, ultimamente. Minhas lamentações podem ter algum sentido, mas, na boa, têm cara de “mimimi”. Mas preciso desabafar sobre isso.

Não assisto mais a nenhum reality show. Pelo menos, com tanta veemência e fanatismo de outrora. Estou, na verdade, vivenciando um processo de desintoxicação. Mas, graças a Deus, estou indo bem: consigo assistir sem tanta paixão... e nem me desespero quando deixo de assistir.
Mas ainda sigo assustado com as repercussões, com os sentimentos aflorados por esse tipo de programa. Utilizo a web como termômetro e ainda me surpreendo. Mas já to chegando ao momento sublime, onde nada é tão chocante, nada é tão surpreendente.

Já li ou ouvi em algum lugar que o reality show expõe o que temos de pior. Concordo. Tanto pra quem participa como pra quem assiste. A gente se expõe, sem máscaras ou personagens, e nos apresentamos despidos de qualquer artifício. Quem não participa dessa festa, consegue facilmente construir um personagem: geralmente, aquele que diz que reality show é perda de tempo, retrato da falta de cultura do povo brasileiro, e um mal terrível para a humanidade. Quem participa da festa, caga e anda pra esses argumentos.

E eu to me lixando pra esses argumentos... to me lixando até pra esse texto em tom de desabafo. Mas vou continuar, assim mesmo. Até porque entendo perfeitamente os sentimentos, as reações, as opiniões (concordando ou não com elas). Mas morro de medo da pior de todas as reações.

Percebo que o mais valioso num reality são as mentiras, as intrigas, a manifestação máxima do ódio... Pra fazer sucesso, o reality tem que ter polêmica. Dedo no olho, golpe baixo, cusparada na cara... A gente torce pra isso. De repente, a gente implora para que aquele participante maldito fique no programa. Mesmo que, para isso, os coerentes tenham que sair... Afinal, bom mesmo é ser contraditório: beijar o rosto enquanto esfaqueia as costas.

Quem não se posicionar, merece sair. Mesmo que o posicionamento seja apenas questão de momento, ou seja, depende de um momento oportuno: se não for conveniente, seu posicionamento o torna chato, pretencioso, insensato, semeador da discórdia. Quem se posicionar, deve ser louvado. Mesmo se o participante se posicionar à favor da pedofilia, por exemplo, ele será reconhecido por “ser verdadeiro”, e terá fã clube e vigília na madrugada, em sua homenagem.

Parece tenebroso, mas é verdade. Não canso de ler manifestações desse porte pela nossa amada web. Às vezes, me soa como “Fulano é desprezível, mas gosto dele, por ser verdadeiro; Beltrano é chato, pois fala demais e faz muito discurso pacifista... merece sair”. E a vida segue.

No reality atual, “A Fazenda 5”, Gretchen saiu por cima, mesmo sendo detestada por grande parte do público. Disse que queria sair, mas o público não a tiraria, pois gosta dela. Além de implicar com Deus e o mundo, mostrou que não curte muito pegar no batente, e detesta cuidar de bichos. Talvez, foi forçada a assinar o contrato e participar do programa. Ao contrário de todos os participantes que desistem de um reality, Gretchen continua sendo atração da emissora, que corre atrás da audiência perdida.

Enfim, agora, o público que continuar assistindo ao programa, vai procurar outro participante grosseiro, arrogante, maldoso e folgado, porém carismático, para torcer. Afinal, o destino de quem é planta é “ser podado”, e os bonzinhos são falso-demagogos.

Assim como numa novela, o vilão é figura indispensável ao reality. Sem ele, a história perde o enredo. Mas esse é o risco de um programa chamado “reality”, ou você acha que o mundo perderia a graça, se não existissem os ladrões, assassinos e estupradores?

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