terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A SIMPLICIDADE DO COMPLEXO OU A COMPLEXIDADE DO SIMPLES?


E lá vou eu falar sobre reality show...  Mas não é sobre Big Brother, não... Tampouco sobre a Fazenda da Record... Esses shows não são nada reais.

Eu me refiro ao show da vida, que não é tão fantástico assim. É a vida como ela é, e que nem a mais provocativa estória de Nelson Rodrigues conseguiria nos deixar tão boquiabertos. Enfim, vamos parar de rodeios e seguir o fluxo normal da argumentação.


Quando digo que não pretendo falar sobre o Big Brother, até tenho razão. Não acompanho essa edição com tanta frequência... Pensando bem, quero que o programa se exploda; já deu o eu tinha que dar. O Boninho deveria voltar a dirigir videoclipes e o Bial deveria voltar a usar o bendito filtro solar.


Mas, como sou frequentador de twitter e tenho acesso a outras manifestações oriundas de pessoas desocupadas, que nem eu, usuários desta droga devastadora chamada internet, não posso ficar calado diante do que está acontecendo. Mas, antes do primeiro bocejo, vos digo, meus caros, não importa se houve crime ou não , se há proteção por parte da produção, ou se estamos diante da “besta do Apocalipse”.


Antes de qualquer coisa, confesso que nunca me simpatizei com o Dhomini. Quando eu assistia ao BBB com mais intensidade, eu buscava saber onde eu estava pisando... E não é que nunca consegui pisar no território do cara? Eu via apenas o jogador, o cara “esperto”, que poderia falar sobre câncer, e ainda arrancar sorrisos da plateia. Sempre tive o pé atrás de pessoas assim, mas isso não o torna um criminoso. É apenas cisma minha.


Não me chamava a atenção o seu jeito de se isolar, de fazer comentários machistas (talvez me incomodaria se eu fosse mulher), exaltando seu jeito rude, sem deixar de demonstrar um lado místico, de filho da Mãe Natureza. Não vem ao caso o processo que ele respondia por agressão, nem a traição descarada que ele praticava, tendo um caso com uma carismática participante, enquanto sua namorada frequentava seus paredões.


Como telespectador, eu observava seus esforços em fazer provocações em forma de piada... Ele alegrava seus espectadores, mas irritava seus adversários. No final, 99,9% das pessoas que conviviam com ele, desejavam sua eliminação. Normal. Mas, em se tratando de BBB, o que, dentro da casa, era consciência coletiva, aqui fora era o chamado complô, a injusta perseguição, ou coisas do gênero. Foi assim que o assessor de deputado venceu o BBB3.


Depois disso, ostracismo. De cantor sertanejo fracassado a politico derrotado, contam que ele não soube investir o meio milhão que ganhou, e não vê mais a cor do dinheiro. Mentira ou não, aceitou, com coragem e prepotência, participar do BBB13, dez anos depois.


E entrou nessa edição, como se estivesse caminhando sobre as águas. Hoje, disposto a jogar de forma mais transparente, sabendo apontar o dedo para seus desafetos, mas adotando a mesma estratégia de outrora: o excluído e o perseguido.


Mas nem o maior jogador da história do Big Brother mundial seria capaz de tamanha façanha. A fama de perseguido extrapolou os muros da mansão mais vigiada do país. E tudo partiu de mais um de seus infelizes comentários. Antes, os comentários tendenciosos, que denegriam a imagem das mulheres o colocavam numa posição semelhante a um certo Gago, ou até semelhante a um Diego Alemão antes de entrar no jogo. Não vejo um ser tão espiritualizado com uma mente tão suja assim. Mas isso sempre passou despercebido.


Mas foi ele só tocar numa das feridas da sociedade contemporânea que o bicho pegou. Demagogos, falsos defensores, oportunistas, e torcedores contrários se aproveitaram da oportunidade recebida. Fãs fervorosos, encrenqueiros e “trolladores” de plantão batiam em teclas mais que batidas, como: “isso é hipocrisia”, “a justiça tem outras coisas pra se preocupar”, “tem gente morrendo em filas de hospitais”... E por aí, vai. É sempre assim.


Alguém um pouco mais esclarecido se interrogava: “como é possível quebrar dentes de um cachorro com um machado, sem quebrar a mandíbula”. Mas, hein. O Ministério Público também entrou no circuito, em virtude do boçal comentário.


Ok, vamos falar de justiça. O processo criminal começa com o inquérito policial, que é presidido pelo Delegado de Polícia. Concluído, é levado ao Ministério Público, que, com base nas informações colhidas através do inquérito, apresentará a denúncia que, em linhas gerais, consiste na petição inicial da Ação Penal.


Ou seja, era um exagero atribuirmos ao Dhomini fato criminoso, antes de qualquer apuração. Mas, por outro lado, ele deu brecha para ser investigado, não simplesmente por um crime ocorrido há duzentos anos atrás, quase impossível de ser comprovado, se não por provas testemunhais. Qualquer coisa sobre isso seria “grife”. O fato é que, se o bocó do Eliéser, por exemplo, disser, de forma espontânea, que já espancou uma sobrinha de três anos há dez anos atrás, o comentário não pararia por aí. O Estado cobraria respostas e não dormiríamos sem a certeza de que o cara não tem o habito de maltratar criancinhas indefesas. Dadas as suas devidas proporções, é mais ou menos assim.


E a certeza de que o Dhomini não maltrata animais ainda não foi esclarecida. Para alguns, foi esclarecida com uma desculpa forçada (e estranha) no intervalo do programa de domingo. Acreditando que o caso foi uma simples invenção de um moleque imaturo e irresponsável, ou um gracejo de um matuto imbecil, por que cargas d’água, ele teve que se retratar?


Fico cismado... De repente, ele pode até dizer: “Lembra quando disse que transei na frente dos meus filhos? Eu ‘tava’ mentindo... Hãhã...”.  Mas, para a eficiente polícia, que afirmou que, num único fim-de-semana, interrogou pessoas ligadas ao investigado, vasculhou o sítio ou algo assim e não descobriu nada... O inquérito foi arquivado.


E, assim, às vésperas do paredão clássico (Dhomini X Maroca), o jogador se fortalece e aparece como o grande “injustiçado”, afinal, em meio às contradições de sempre, suas piadinhas politicamente incorretas (que fazem Rafinha Bastos parecer Padre Fabio de Melo), consegue fazer alguém sorrir, e outros lucrarem com isso.


Não torço pra ele, mas creio que ele ganhe esse programa. Não é o cara que eu gostaria de ter como amigo, não é o cara que eu defenderia com unhas e dentes como alguns fazem. Na verdade, quero que ele se dane, e espero que não volte a investir a grana em música. Mas, transformá-lo em mártir, em Deus dos injustiçados, nessa entidade espiritualizada e simples, como uma espécie de São Francisco de Assis, já é demais. Até porque São Francisco de Assis não participaria do BBB.


Para quem não entendeu o texto, e ainda acredita em perseguição... Você vai se identificar com esse vídeo; é sobre seu mundo.


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