quarta-feira, 2 de abril de 2014

DESCONSTRUINDO O MARCELO (BBB14)

Não me sinto bem acompanhando o BBB. É como ter uma espinha no rosto. Aquele troço incômodo, que faz você não querer sair de casa, por se sentir mais feio. E você, totalmente alienado, passa a observar elefantes por entre as nuvens.

Não busco meu favorito. Não acho ninguém digno da minha idolatria. São pessoas, em sua imensa maioria, vazias, desprovidas de talento, e que certamente passarão despercebidas do meu livro de memórias, se eu tivesse um.

Nesta edição do BBB, mais uma vez, passei a torcer contra os outros. Contra a demagogia tupiniquim, a hipocrisia pseudo-liberal, contra a detestável injustiça. Não me guio pelo oba-oba de casais de plástico, pelos bombardeios da guerra dos sexos, nem pelas ideologias de mesa de bar.

Demorei a me prender a um ponto de vista. Antes, era perda de tempo. Sim, pois sempre procuramos um herói, ou uma heroína, para depositarmos nosso alter ego. Alguém perfeito, ou alguém que parece perfeito, do nosso ponto de vista. Não, não existem perfeições. Nem lá, nem cá.

Aqui fora, parecemos psicólogos, juristas, filósofos, Jesus. Lá dentro, mocinhos, mocinhas e vilãs. Mas não é nada disso. Todos nós somos pessoas, com nossos defeitos e qualidades que, em equilíbrio, até nos tornam interessantes. Erros e acertos são aceitavelmente humanos. Quem ignora isso, ou quem finge ser imune a isso, não vive. Quem se esconde dentro de um reality, também não.

Marcelo foi odiado por mim. Sempre o achei, e continuo achando um cara imaturo, que não sabe lidar com frustrações. Explosivo, destemperado, egocêntrico (o fato de não saber lidar com frustrações tem a ver com isso), ou seja, um porre em forma de pessoa.

Também consigo enxergar defeitos nos outros, irresponsabilidade, dissimulação, hipocrisia. Mas não vou dar nome aos bois. Ninguém ali é Jesus. Aliás, Jesus não passaria da primeira semana no BBB. Seria taxado de demagogo.

Marcelo foi taxado de psicopata. Foi acusado de abuso sexual. Ao reagir a isso, foi chamado de desequilibrado, violento, agressivo. Foi criticado por desrespeitar as mulheres, apenas por elevar o tom de voz nas discussões acaloradas. Falta de respeito? Observando bem suas discussões mais histéricas, não encontrei, em momento algum, algum comentário depreciativo para seus colegas de confinamento. Algo ofensivo, fora da esfera do jogo. Tudo bem, podemos chamar de falta de educação, truculência ou algo assim, mas... falta de respeito? E quando o Cássio brincava com as mulheres, se esfregando, chamando de biscate? Falta de respeito? Dois pesos e duas medidas?

Questionei as justificativas dos outros. Gosto da Vanessa, mas sua reação quando o Marcelo foi ao terceiro paredão seguido não foi caridade... Na verdade, ela estava preocupada, pois sabia que estavam fortalecendo o adversário. Assim como Ângela, na festa do "suposto" abuso, foi buscar o Marcelo no quarto, não por gostar dele (muito pelo contrário), mas pelo colar de anjo que o cara levava no pescoço.

É o tipo de coisa que torcidas apaixonadas não enxergam. Pseudo-moderninhos simplesmente ignoram. Vida que segue. Mas sigo os detalhes. Uma multidão canta o hino, presto atenção no violino.

De repente, defensores das mulheres aparecem de todos os cantos, falsos moralistas levantam bandeiras demagógicas e teses começam a aparecer por entre as nuvens (as mesmas nuvens que abrigavam os elefantes do primeiro parágrafo).

Nadei contra a correnteza. Questiono o resultado do paredão por argumentos óbvios, sem querer ofuscar a vitória da Vanessa que, particularmente, acho merecedora do prêmio. Mas sigo enfrentando o óbvio e dando meu salve á única pessoa que questionou o esquema do jogo, embora tarde demais, embora não tanto como deveria. Às outras, sobrou o marasmo.

Pra terminar, não acho nada demais a existência de um casal gay, fake ou não. Não acho que qualquer tipo de casal seja um bônus (ás vezes, pode ser um ônus). Também não acredito em sexismo, ou em nenhuma frente contra o machismo. Pra ser sincero, ouso em dizer que uma menina sonhando em ser panicat está praticando um machismo invertido. Mas isso já é outra coisa...

Por fim, cheguei a torcer pelo Marcelo nas duas ou três últimas semanas que ele ficou na casa. Lamento que o jogo da Ângela, a maior jogadora da casa, tenha dado tão certo, e que ela tenha tido o auxílio do público pra isso; o público que tanto a odeia, mas lhe concedeu o segundo lugar.

Paro por aí, não muito otimista em relação ao próximo BBB. A gente se vê por aí.

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